I - QUEM FOI LUCAS
Homem
crente, cheio do Espírito do Senhor, com ampla visão da necessidade da obra, Lucas
empregou seus dons ligados à palavra escrita para proclamar o que sabia a respeito de
Jesus Cristo. Ele fora evangelista, pastor e chamado de “médico amado”:
1) O
médico amado -
Esse é o tratamento afetivo que lhe dispensa Paulo em Cl. 4:14. Seus
pais eram de origem grega. Lucas não fora discípulo de Jesus, em seu ministério.
Provavelmente converteu-se com a pregação de Paulo. Por ter amplo vocabulário e dom da
comunicação, ao escrever o terceiro Evangelho e Atos, Lucas oferece-nos maior quantidade
de informações históricas do que qualquer outro autor do Novo Testamento.
2)
Evangelista e pastor -
Lucas foi companheiro nas viagens missionárias do apóstolo
Paulo, permanecendo com ele até sua morte, Cl. 4:14; 2Tm. 4:11 e Fm. 24. Lucas ficou em
Filipos, na segunda viagem missionária de Paulo, a fim de ajudar a estabilizar a nova
igreja ali, At. 16: 40; 17: 1.
II -
ASPECTOS BÁSICOS DO LIVRO
a) A chave
do livro de Lucas -
O autor diz, na introdução, 1: 1-4, que muitos contemporâneos
haviam empreendido a mesma tarefa, o que nos leva a concluir que:
-
havia, ao tempo do escritor, várias obras que continham relatos de partes da vida e obra de Jesus;
-
os autores dessas narrações tinham tentado um arranjo sistemático das fontes disponíveis, 1: 1;
-
estes fatos eram bem conhecidos no mundo cristão;
-
o autor sentia-se tão bem informado e capaz como os outros para escrever sua própria narrativa;
-
dirigia sua obra a uma pessoa de alta categoria, a quem trata de “excelentíssimo”. Teófilo provavelmente havia sido informado oralmente a respeito de Cristo, mas precisava de mais conhecimentos que o firmassem e o convencessem da verdade.
b)
Parábolas.
Das 35 parábolas registradas no NT, 19 são encontradas no Evangelho de
Lucas, entre elas: a da figueira estéril, 13; a da grande ceia, da dracma perdida, 15; do
administrador infiel, 16; do fariseu e do publicano, 18.
c) A
linguagem -
O
Evangelho de Lucas é o mais literário de todos. Contém no início quatro belos hinos: o cântico de Maria, 1:46-55, quando foi visitar
Isabel; o cântico de Zacarias, uma palavra
profética do pai de João Batista, 1:67-79;
o
cântico dos anjos, 2:14, quando Jesus nasceu e o cântico de Simeão, em 2:28-32, ao
tomar o menino Jesus nos braços.
d) A
paixão do Salvador, 18: 31-23: 56 -
É interessante observar como Lucas, ao relatar
os dias finais de Jesus, dá um toque característico de linguagem à última ceia, ao
aviso de Jesus a Pedro, ao episódio de suor com sangue, à disposição dos
acontecimentos em casa de Caifás, ao comparecimento de Jesus perante Herodes, ao discurso
de Jesus às mulheres de Jerusalém, 23:27-31, ao ladrão arrependido, sem alterar a sua
marcha nem o seu significado. As simpatias e os sofrimentos humanos foram postos em relevo
por Lucas, ao mostrar como o Filho do Homem sofria na cruz em obediência ao Pai.
e) Ao
relatar a ressurreição do Salvador, 24:1-53, Lucas o faz de uma forma nova e
diferente. A realidade é a mesma dos demais evangelhos, porém a forma como relata a
aparição do Cristo ressurreto aos discípulos no caminho de Emaús elimina qualquer
dúvida que, porventura, o leitor possa ter quanto ao fato. A inesperada e convencedora
manifestação da presença viva de Jesus, sua interpretação das Escrituras e a
convicção espiritual que se apossou deles, quando Ele lhes falava, constituía
evidência incontestável de que alguma coisa de novo havia acontecido na terra.
III - Aspectos Que Se Destacam
O
propósito de Lucas ao escrever para os gregos era o de alcançar a maioria dos
convertidos através da pregação de Paulo, At. 11:20-21. As pessoas educadas nessa
cultura costumavam glorificar a sabedoria, a beleza e o homem ideal. Quando o evangelho
começou a circular, puderam conhecer mais claramente a mensagem universal de Jesus, que
assim pode ser resumida:
a) Oferta
universal de salvação -
Jesus é o perfeito Deus-Homem que oferece a salvação a
todas as nações, Lc. 2: 29-32. É uma oferta universal, pois para Ele não há judeu,
nem gentio, nem grego, nem bárbaro, nem escravo, nem livre. Sua obra é uma
interpretação viva e completa daquele que tem poder para redimir o homem em qualquer
lugar e em qualquer tempo.
b)
Redentor e salvador -
Lucas descreve Cristo como redentor de todos os que crêem,
oferecendo perdão e salvação independentemente do privilégio de uma raça particular
ou nação, a saber: aos samaritanos, 9: 51-56; 10: 30-37; aos pagãos, 2: 32; 3: 6; 4:
25-27; aos judeus, 1: 33; 2: 10; aos publicanos, pecadores e desterrados, 3: 12; 5: 27-32;
7: 37-50; ao povo de modo geral, 7: 36; 11: 37; 14: 1; aos pobres, 1: 53; 2: 7; 6: 20; 7:
22; aos ricos, 19: 2; 23: 50; a mulheres e a homens.
c) A
doutrina do Espírito Santo -
Lucas dá especial atenção à doutrina do Espírito
Santo, mais que Mateus e Marcos juntos. Ele nos informa que todos os principais
personagens do Evangelho tinham o poder do Espírito Santo para a obra: João Batista, 1:
15; Maria, 1: 35; Isabel 1: 41; Zacarias, 1: 67; Simeão, 2: 25, 26, e o próprio Jesus 4:
1.
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