Maio, Mês de Maria

 

Maio, Mês de Maria

 

Maio que chega num doce raio,
Pleno de rosas e de alegria;
Do céu à terra, da noite ao dia....
Campo de flores e verde-gaio,
Sagrados coros, ampla harmonia
No refulgente mês de Maria,
A flor de Maio!

De incenso e luzes, música e flores,
Entre o profuso, verde cipreste,
Oh! Virgem Santa! Teu Lar se veste.
Vem toda a gente dos arredores,
De trajo simples, de vida agreste,
Cantar hosanas à Mãe Celeste
Dos pecadores.

Em louvor desse teu nicho imbele
Canta a sonora boca dos sinos,
Oh! Tenda Branca dos pequeninos!
A via-láctea teu manto estrele,
Que estrelas pisam teus pés divinos,
E a eles sobem responsos e hinos,
Regina Coeli!

A que áurea festa tocante assisto,
Oh! doce! Oh! triste! sacra Baunilha!
Teu rosto amado recende e brilha
E eu para amar-te somente existo,
Sob o teu manto ninguém se humilha,
Que a todos cobres, oh! Mãe e Filha
De Jesus Cristo!

Sarça florida, que a vista encanta!
O mês da graça, mês mariano
É o mais bonito e cheiroso do ano!...
Minha alma em fogo do caos se levanta,
Oh! meigo Lírio samaritano,
De talhe doce, perfeito e humano,
Oh Virgem Santa!

Vaso de tanta piedade cheio!
Teu raio e Guerra flagele e corra,
E o Dragão de almas a teus pés morra;
Clareando as trevas de onde ele veio,
Contra a do inferno negra masmorra
Que nos proeja, que nos socorra
Teu claro seio!

Pomba do Egito, misericórdia!
A asa bendita da tua Graça
Por nossas fontes roçando passa...
Se a crença dorme, tua asa acorde-a;
Haja no seio da grande massa,
Que teus pés beija, teu manto abraça,
Paz e concórdia!

Ave! Rainha dos Anjos, ave!
"Glória in excelsia", Senhora minha,
Vida e perfume da Ladainha:
Teu pranto a culpa dos homens lave.
Lembra dessa meiga velhinha,
Que por mim pede, doce Rainha,
Na tua nave...

Estrela-d'Álva que me alumia,
Sol da alegria, Luar da tristeza,
De Deus esposa, dos Céus princesa,
Velário aceso do Grande Dia!
Mesta e singela Flor de beleza,
Fonte de sonhos, graça e pureza...

(B. Lopes)