DIA DA ESPERANÇA CRISTÃ
No último dia 02 de novembro, conforme costume antiquíssimo, os cristão celebravam o dia dos fiéis defuntos. Esta data se reveste de um significado muito grande. Primeiramente, celebrar o dia dos fiéis defuntos é rogar a Deus por aqueles nossos irmãos que morreram na amizade com Deus, mas que precisam pagar certas penas de pecados perdoados quanto à culpa e que, por isso, estão se purificando no estado chamado purgatório.
Depois, este dia nos faz refletir sobre o sentido da morte para o cristão, pois esta é uma realidade que todos teremos de enfrentar. É sobre este segundo aspecto que gostaria de refletir. Para tanto, vai nos ajudar um texto do Frei Raniero Cantalamessa:
“Como vivem os cristãos a novidade trazida por Cristo, a sua vitória sobre a morte?
Não posso nem saberia fazer um apanhado completo. Uma coisa, porém, posso fazer, e é a que mais importa: repensar o como eu mesmo aprendi com a morte, como me foi ela transmitida no ambiente cristão no qual nasci e cresci. Esse afinal é certamente o meio de conhecimento mais seguro, por ser o mais direto. Pois que a morte, como a língua materna, nós aprendemos a conhecê-la vivendo, ouvindo como falam sobre ela, qual a atitude das pessoas quando ouvem nomeá-la.”
(Morte, minha irmã, p. 25).
Cantalamessa, neste ponto, quer expressar que a morte é vivenciada por cada homem de forma próxima e real, seja quando morre um amigo ou um parente mais próximo: pai, mãe, irmão. Contudo, para os cristãos a morte não é simplesmente um acontecimento biológico, mas transcendental, isto é, ultrapassa a realidade física e nos lança na eternidade, naquele que é Eterno.
Com Cristo, a morte foi vencida, ela já não pode nos causar medo. O amor venceu a morte por dentro, como nos diz o Cântico dos cânticos:
“O amor é forte como a morte” (8,6).
E poderia ainda se acrescentar que o Amor, que é o próprio Deus, é mais forte do que a morte, porque Ele é a Vida em toda a sua plenitude. Confiemo-nos e confiemos nossos irmãos falecidos à misericórdia infinita de Deus e concluamos com as palavras mesmas de Cantalamessa:
“O amor eleva o homem, como a água eleva um barco na comporta, para que chegue a um nível que lhe possibilite ir além... Em certos santos o amor por Cristo chegou a m nível tal que de fato se tornou mais forte que a morte, levando-os a exclamar: ‘Morro porque não morro’ (São João da Cruz). A união da alma com o Senhor, isto é, com a cabeça, tornou-se mais forte que a união com o próprio corpo.”
(Morte, minha irmã, p. 47).
Por isso, este dia deve ser de esperança!
(Padre Genivaldo Garcia)
CANTALAMESSA, Raniero. Morte, minha irmã. Editora Santuário, 1992, Aparecida/SP